terça-feira, 10 de março de 2015

Era uma vez um menininho chamado Nicolas. Lindo aos olhos da mãe. Tinha cabelos pretos e grossos mas com uma ondulação semalhante ao do pai. Rosto arredondado e bochechas rosadas, típico dos bebês saudáveis. Olhos estalados e escuros feito duas jabuticabas. Narizinho e boca perfeitos. Mãozinhas e pezinhos indescritíveis. E uma mancha roxa no bumbum, peculiar aos orientais quando bebês, em forma e tamanho de uma bolinha de gude na nádega esquerda. Criança amada e admirada pelos pais. Quando sua mãe olhava para ele, ele apertava tanto os olhinhos para sorrir que o nariz franzia, mostrando os poucos dentes que tinha na boca. No dia 13 de fevereiro, quando completava exatos um ano, um mês e 4 dias, saiu andando pela casa dando mais uma alegria para seus pais. A pergunta de sua mãe era sempre a mesma: - "O que se passaria na cabeça daquele bebê?", "Quais recordações ele conseguiria levar para o futuro?". Neste momento ele dorme, dorme feito um anjo. Olhos serradinhos, quando não semi-abertos, como dorme sua mãe. Acumulando energia para quando acordar. Tão pequenino mas esparramado na cama ocupa o espaço de um gigante... Sonha com o quê, quando dormindo sorri? Este é o menino de pijama de dinossauro que em tão pouco tempo tranformou a vida de sua mãe, trazendo mais alegria para um lar já muito feliz. Menino, mamãe e papai de sorte.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

As vezes triste...

Havia decidido que iria curtir esta minha segunda e (acho) ultima gravidez em todos os detalhes que deixei de curtir a primeira. So nao contava que seriamos surpreendidos com a doenca do Gabriel... Como um amigo seu, medico, disse: "_ a doenca nunca tem espaco nas nossas vidas!", ou seja, ela aparece de repente, sem pedir licenca e toma lugar de outras coisas importantes em nossas vidas. No nosso caso, tinhamos o natal, ano novo, a festa de 2 anos do Nic, as nossas tao esperadas e por tantas vezes adiadas ferias e a gravidez do Theo. Eu que queria ser a protagonista desta estoria toda passei a mera coadjuvante, na verdade a figurante! Num momento deste a expectativa de morte merece muito mais atencao que a expectativa de vida. Nao quero entrar em detalhes sobre a doenca porque ela passou, gracas a Deus. Quanto a isso so tenho a agradecer. Poderia nao ter meu marido, pai dos meus filhos ao meu lado agora. E no entanto, ele esta otimo! Mas fica o ressentimento de um momento que passou e nao voltara mais. A gravidez ja esta chegando ao fim e nao pude dar a atencao que gostaria de ter dado. Nao recebi a atencao que gostaria de ter recebido. Nao me senti cuidada, amparada, poupada, como as gravidas devem ser, ao contrario estive mais sozinha que nunca. E ainda passei por situacoes que nao queria ter passado com meu bebe dentro da barriga... O impacto e consequencias emocionais da noticia de uma doenca sinonimo de morte... Lidar com os meus sentimentos a respeito da doenca mais os sentimentos do proprio doente. O stress, o desentendimento (normalmente raro em nosso relacionamento), o ambiente hospitalar, o medo... Como diz uma amiga minha, ainda bem que tenho uma cabeca boa! As vezes interpretada como frieza por quem infelizmente nao consegue compreender esse meu lado oriental, duro. Passei por tudo quieta, recebi tudo como um para raio, ouvi quieta o que nao queria ouvir... Ouvi a queixa de dores sem me queixar das minhas... O meu consolo, mais que isso minha razao de permanecer firme e com um sorriso no rosto, foi a alegria inocente do Nic e o Theo que eu tao ansiosamente aguardo o nascimento! As vezes fico triste. Tenho uma magoa, um ressentimento, nao muito comum no meu arquivo de memorias que sei em breve irei "deletar", que me incomoda de vez enquanto recente. Mas o nascimento do Theo vem selar um momento triste dando lugar a um outro totalmente feliz, de familia completa! O tempo nao volta entao quero compensar a pouca cumplicidade que tive com meu bebe em sua vida ulterina com atencao e carinho redobrados para quando ele estiver nos meus bracos! Viver a maternidade intensamente sera minha maior recompensa em detrimento do que passou... Meus filhos sao tudo na minha vida!

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

a difícil tarefa do desmame




Com o aval da OMS, e da pediatra e nutróloga do Nic, e sob algumas críticas ainda estou amamentando... A tarefa de início tão essencial, prazerosa e admirada de repente se tornou um grande desafio na minha função de Mãe. Hoje reconheço que de tudo que li e de todos os conselhos que ouvi cabia a mim ser seletiva e crítica para adaptar tudo ao meu dia a dia. Mas nem minha maturidade neste caso, me fez enxergar. Amamentar o Nic até agora sem dúvida fez muito bem para "nós", nos aproximou, estreitou um laço eterno de amor e cumplicidade entre nós indescritível, sem falar nos benefícios à saúde dele que nunca ficou gravemente doente e o permitiu ter contato com antibióticos uma única vez nesses seus quase 2 anos de idade. Mas o que fazer agora? Meu bebê, ou seja, meu menino após os 8 meses passou a acordar de 2 a 3 vezes por noite para mamar e esse mau hábito persiste até hoje. Pede "mais", "mais", "mais", a todo momento sem querer saber de explicações como "acabou", "mamãe está dodói". Mama para dormir, mama para se acalmar e quando o faz demonstra um prazer difícil de expressar em texto. Sei que este desafio só depende de mim para ser superado. Como qualquer outra mulher, qualquer outro ser humano, tenho fraquezas e desta vez minhas palavras são para justamente registrar uma que reconheço em mim. Por mais que saiba o que é certo, por maior que seja o desgaste que a amamentação tem me causado, ainda não me sinto preparada para dizer não. Até agora foi tão conveniente para mim que não sinto que negando algo que ele ainda gosta tanto esteja fazendo o bem para ele. Sei que estou equivocada, friso, mas ainda não tenho forças para fazer o certo. A fraqueza é minha e não dele. Mas pelo excesso de amor que sinto ao olhar seu rostinho solicitante que persisto neste erro de não saber dizer um simples não.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

cortando o cordão umbilical

Esta é mais uma publicação sobre ser mãe. Na quarta-feira passada o Nic começou a ir a escolinha, um grande passo tanto para ele como (ou maior ainda) para mim. Quando decidi a escola me emocionei, quando o levei pela primeira vez, por recomendação da orientadora pedagógica, segurei a emoção mas para falar a verdade a preocupação era tanta que a emoção não me contagiou mas apenas a apreensão com meu pequeno. O Nic ainda chora um pouco (ainda bem, não interpreto isto como algo ruim, como manha, mas sim como o amor dele por mim, que ele prefere a mim, que sente falta de mim e que fiz e faço bem o meu papel de mãe) mas está se adaptando. Hoje será o primeiro dia em que o deixarei na escola sozinho, porque até agora o pajeei da recepção, não "arredei" pé de perto dele. Fiquei escondida enquanto ele passava da "sala de aula" para o playground ou da toca da raposa para a bebêteca, observando escondida seus passinhos, ele de mãozinha dada com a tia ou com os amiguinhos, andando igual a um homenzinho, independente, agindo por si só, tomando suas próprias decisões, com aquele rostinho meigo entre as outras crianças e aqueles perninhas pequeninas e gostosas demais! Sinto que só agora o cordão umbilical está sendo "cortado"... O amor por um filho é algo indescritível, concordem comigo aquelas que já são mães, imensurável, incomparável e até dolorido. Amo demais o Nic e não desejo que este amor o prejudique jamais... Mas por enquanto, enquanto ele ainda é pequeno, deixarei esse amor me levar, amarei demais, beijarei demais, farei todas as suas vontades, apertarei ele demais, sorrirei demais, porque hoje ele ainda depende só de mim, suas vontades dependem de mim. Se eu sentir preguiça faltará alguma coisa para ele, tenho que, a todo momento estar atenta para suprir seus desejos e necessidades. E mesmo assim, ele tomando todo esse meu tempo, não imagino como era minha vida sem ele... E torço, mas torço muito para que esse momento passe bem devargazinho...

quarta-feira, 27 de julho de 2011

casal "coxinha"!

Não sou tão velha para falar sobre experiência de vida, mas meus 33 anos me ensinaram que um casal não nasceu grudado e por isso merece desfrutar de sua individualidade de vez em quando. E é por isso que sempre fiz questão de ter encontros periódicos com minhas amigas e incentivei o Gabriel a ter esses momentos com seus amigos também. Depois que o Nic nasceu, e morando em Sorocaba, esses encontros ficaram menos frequentes, mas nem por isso deixaram de acontecer... Sobre estes encontros tenho a dizer que me fazem muito bem. É bom ser a Julye Julye e não a Julye esposa do Gabriel ou a Julye mãe do Nicolas de vez em quando. Mas o melhor desses encontros, tirando o espumante ou choppinho (depende da ocasião), ou até mesmo o suco de tangerina (kkk), é a troca de experiências. Saber como cada uma de minhas amigas reagem diante de certa situação, como encaram seus desafios, como se sentem perante os outros, e concluir o quanto somos todas diferentes e por isso nos completamos, ou seja, o quanto aprendo com elas e o quanto me torno uma pessoa melhor por isso! Tenho as amigas solteiras, as amigas recém-casadas, as que estão casando, as casadas de longa data, as com filhos e as que deixaram seus casamentos para serem mais felizes. Como dizem por aí "a grama do vizinho sempre parece mais verde" e eu não costumo discordar disso, equivocadamente... Tenho o hábito de achar que sou meio louquinha, que tenho problemas, que sou diferente do normal (se bem que, o que é normal?)... Mas sempre que eu e o Gabriel chegamos desses encontros e nos sentamos na cama lado a lado para falar sobre como foi nosso dia, chegamos a conclusão do quanto temos uma vida tranquila e somos felizes juntos (não que isto não demande de ambos do casal)! Que temos um relacionamento de respeito, harmonia e amor... Ou seja, um verdadeiro casal "coxinha"! Homem e mulher casados, com filhos e com uma história tão longa quanto a nossa... Um casal normal... Mas o que é normal mesmo?!?!?!

terça-feira, 3 de maio de 2011

brasileira de olhos puxados

Neste final de semana tínhamos compromissos em São Paulo. Aproveitamos e "demos uma esticadinha" até Suzano para visitar minha Mãe e usufruir de sua hospitalidade dormindo na minha "antiga casa". Foi muito bom estar lá e ver o Nic brincando com a Bá dele (avó em japonês). Mas o mais divertido, se assim posso dizer, ou curioso foi ir ao "undokai" do bairro em que minha Mãe passou parte de sua infância. "Undokai" é um dos eventos realizados pela colônia japonesa para reunir seus integrantes e descendentes onde há gincanas em que todos os presentes podem participar, apresentações de danças típicas e, claro, muito comes e bebes. Tudo é muito bacana, organizado, mas muito simples (simplicidade essa diferente de pobreza). Eu estava lá mas percebia que apesar de me sentir confortável por estar entre os "meus" não pertencia àquela realidade... Nem mesmo minha Mãe! Devido ao mau tempo, acabamos indo embora logo e no retorno passei a refletir sobre a experiência. Quando criança, lembro-me de não conseguir dormir de ansiedade na véspera do "undokai". Ficava super feliz em participar das gincanas e ganhar os prêmios (cadernos, canetinhas, lápis, etc). No final do "undokai" comparava a quantidade e qualidade dos prêmios com meus primos para saber quem tinha se saído realmente melhor. Era muito bom estar com minha Mãe, avó, tios e primos. Hoje vejo que nada evoluiu e que tudo é de uma simplicidade... Mas concluí, em minhas reflexões, que tudo isso tem um motivo. Quando da chegada da minha avó, ainda criança, ao Brasil, ou seja, a três gerações atrás, tudo era assim. Minha avó se estabeleceu, estudou (até onde pode, claro), criou os filhos, deu educação a eles. Por sua vez, estes tiveram seus filhos, os educaram e apesar de terem evoluído como pessoas, estudado, se ocidentalizado e até enriquecido, muitos não querem perder suas raízes, razão pela qual mantêm os eventos com toda sua simplicidade e peculiaridades. Muitos destes se consideram japoneses apesar de tantos outros já terem retornado ao Japão e se considerarem brasileiros. Eu mesma tive a oportunidade de estar próxima a alguns japoneses quando o Gabriel esteve em Nova Iorque e claramente percebí a grande diferença que existia entre nós. Na realidade, sinto que me resta muito pouco destas origens, apesar de tentar mantê-la (o Nicolas tem o nome japonês Yukio), mas sobra admiração por um povo que a apenas três gerações chegou ao Brasil enfrentou a barreira da língua, a diferença de cultura (e isso inclui a alimentação muito diferente), a explícita diferença de raça e construiram suas vidas aqui, formando filhos e netos doutores, executivos, ou seja, conquistando espaço e contribuindo para a sociedade brasileira de hoje: nós, os brasileiros de olhos puxados!




segunda-feira, 14 de março de 2011

somos normais!

Entre tantas mudanças que ocorrem com a vinda de um filho a que quero comentar é a mudança do nosso ciclo de amigos. Após os filhos, não propositalmente, passamos a estar mais junto com os amigos que também possuem filhos e a atrair novos amigos nas mesmas condições. Isto porque buscamos os mesmos lugares para frequentar: restaurantes com bons espaços kids, hoteis com babás/monitores, destinos com bom clima ou até mesmo ficamos mais caseiros frequentando uns a casa dos outros para podermos degustar um vinho e comer uma boa comida tranquilos com nossos filhos sob o alcance dos nossos olhos. Nesse frequente convívio que temos com outros casais cheguei à conclusão que todos nós temos os mesmíssimos problemas, a diferença está na foma em que cada casal e cada um do casal lhe dá com estes problemas. Numa média dos nossos amigos, todos possuem a mesma idade, acham graça da forma como se conheceram, namoraram, casaram, viajaram e tiveram seus filhinhos. A maioria das mulheres não trabalha (já me senti um "peixe fora d´agua" por causa disso, hoje sou como a maioria), todas têm empregada, umas contam com a ajuda da mãe, outras com a ajuda da babá e outras, como eu, preferem cuidar pessoal e exclusivamente dos filhos e ainda há as que desde cedo colocaram o filho na escolinha. Há as que conseguem frequentar regularmente o salão de beleza, as que conseguem fazer academia todos os dias (queria ser assim mas ainda não consegui me organizar), as que gostam de cozinhar, as que não gostam, as que gastam muito, as que nem tanto, as que conseguem sair só com seus maridos como namorados, viajar sem se lembrar dos filhos e as que não e ainda reprovam isto. Existem as mulheres que cuidam do marido, aguardam ele com comidinha quente na mesa, fazem suas malas antes de viajarem, exisitem as que jantam na frente ou esperam o marido fazer a comida e preferem que ele cuide sozinhos de suas coisas. Quando aos maridos, existem os que, além de trabalhar, possuem tarefas domésticas com os filhos, existem aqueles que são poupados. Aqueles que acham que têm alguma obrigação e outros que acham que essa obrigação é exclusiva das mulheres. Mas sobre aos homens chego fácil a um ponto comum: os homens sempre acham que fazem muito mas as mulheres sempre acham que eles fazem menos do que poderiam fazer! Coitados! Uns levam esporros e acham graça disso outros não admitem os mesmos esporros. Umas mulheres brigam na frente de todos, outras chamam o marido para um canto e outras "fecham a cara" ou ficam "bicudas". Umas gritam para educar os filhos, outros acham que uma palmadinha não faz mal e outras, simplesmente, não decidiram o que fazer. Todos os casais são novos, saudáveis, bonitos, bem de vida e suas mulheres numa viagem para um hotel cinco estrelas dormem mal, comem mal e ainda lavam mamadeiras, mas apesar disto tudo se mantêm elegantes e bebem champagne à noite com sorriso no rosto na companhia de seus maridos. Desse convívio tenho o melhor resultado que uma terapia poderia me trazer, e que já me referi acima, todos os casais possuem os mesmos problemas a diferença está em como cada casal e como cada um do casal lhe dá com esses problemas. Tenho que registrar que, todos os casais nos quais me baseei são formados por mulheres e homens muito amados. Assim chego a uma conclusão que já conhecia, eu e o Gabriel formamos um casal que se dá muito bem e quanto as nossas diferenças, somos normais!!!